22 de junho de 2010

O radialista Júlio Cesar Martins gravou sua última participação para o Programa Tileoni, levado ao ar pela Band Minas aos sábados, no horário das 09:30 da manhã. Justificativa: No próximo domingo, dia 27 de junho, acontecerá a convenção estadual do PMN - Partido da Mobilização Nacional, legenda à qual pertence Júlio Cesar, pré-candidato a deputado federal. De acordo com a legislação eleitoral, após a confirmação dos nomes dos candidatos na convenção, os profissionais ligados ao rádio e tv deverão se afastar destas mídias. Este é o caso do leopoldinense Júlio Cesar, que também apresenta um programa diário na Rádio Cataguases AM, sempre ao meio-dia. No rádio, Júlio encerrará sua participação na próxima sexta-feira, dia 25.

Várias matérias foram feitas por Júlio Cesar no programa do apresentador Tileoni, dentre elas a cobertura da Festa da Colônia Constança, na Igreja da Onça, em Leopoldina. Gravou também em Cataguases, Manhuaçu, Caratinga, Ponte Nova e Itabira. Nesta trajetória, Júlio Cesar entrevistou* no último dia 17 de junho, o ex-prefeito de Belo Horizonte Jorge Carone Filho, aclamado e respeitado homem público, cuja biografia inicia-se na primeira metade do século passado. "O projeto de entrevistar Jorge Carone foi delineado no começo de 2009, mas somente agora conseguimos a coincidência de nossas agendas", adiantou Júlio Cesar, que faz questão de registrar o carinho com que foi recebido pelo Dr. Jorge Carone Filho, advogado, hoje um senhor de 90 anos de idade.

Um dos últimos remanescentes do "queremismo" - movimento político que em maio de 1945 surgiu com o objetivo de defender a permanência de Getúlio Vargas na presidência da República - Jorge Carone Filho liderou o movimento na Zona da Mata mineira. A expressão vem do slogan utilizado pelo movimento: "Queremos Getúlio", e significava o adiamento das eleições presidenciais, com o lançamento da candidatura de Vargas, e a convocação da Assembléia Nacional Constituinte. Sem atingir seu objetivo, a Constituição de 1946 foi elaborada sob a presidência de Eurico Gaspar Dutra, eleito em 2 de dezembro de 1945 para suceder Getúlio. A seguir, Jorge Carone participou da fundação do PTB getulista em Minas Gerais, e foi prefeito de Visconde do Rio Branco (1954 a 1958). Elegeu-se deputado estadual para a 4ª e 5ª Legislaturas (1959-1967). Renunciou ao mandato parlamentar quando elegeu-se prefeito da Capital, em 1963, mas a 31 de janeiro de 1965 foi cassado pela Câmara Municipal de Belo Horizonte. Carone Filho voltou à militância política após a Anistia, em 1979, sendo eleito deputado federal em 1982 para o período 1983-1987. Foi casado com dona Nísia Coimbra Flores Carone, nascida em Muriaé - deputada federal eleita pelo MDB para a 6ª Legislatura (1967-1971), faleceu em 2009, aos 80 anos. Dona Nísia foi cassada em 1969 pelo AI-5, editado pelo General Costa e Silva no apagar das luzes de 1968, episódio considerado como o mais drástico e violento de todos os Atos do governo militar, cerceando os mais elementares direitos e liberdades civis.
O pai de Jorge Carone Filho - Jorge Carone - foi vereador e prefeito de Visconde do Rio Branco (em 1939, nomeado pelo então governador Benedito Valadares), e deputado estadual Constituinte em 1935 e à 1ª Legislatura (1935-1937). Também a família de sua saudosa esposa, Dona Nísia, era vinculada à política. Ela era filha de Orlando Barbosa Flores, que foi prefeito de Muriaé em 1931 e também deputado estadual Constituinte em 1935 e à 1ª Legislatura ( 1935-1937).

Recentemente, esteve em Leopoldina a nos prestigiar, seu filho Antônio Carlos Flores Carone - Secretário Estadual do PMN - Partido da Mobilização Nacional, que seguindo os passos do pai foi vereador em Belo Horizonte, chegando a assumir a prefeitura da capital em decorrência de ser, na ocasião, o presidente da Câmara Municipal. Jorge Carone perdeu em 2008 seu filho Jorge Orlando Flores Carone, ex-vereador pela Câmara Municipal de BH no período de 1970 a 1974 e deputado estadual de 1975 a 1979, integrando a 8ª Legislatura. Também é pai de Marco Aurélio Flores Carone que atua na imprensa de Minas Gerais e de Nysia Flores Carone.

Em uma hora e meia de entrevista, concedida em sua residência no bairro Santo Antônio em Belo Horizonte, Jorge Carone relembrou sobre o Projeto de sua autoria, enquanto deputado estadual, que criou o Mineirão, um marco para Minas Gerais; falou de várias obras por ele empreendidas quando prefeito de Visconde do Rio Branco, uma delas o calçamento de várias ruas daquele município, cujas pedras mandou comprar em Leopoldina, já àquela época, fornecedora de paralelos de excelente qualidade.
Jorge Carone, que apesar da avançada idade conserva o ímpeto do jovem prefeito da capital, o vigor do atuante deputado estadual e a sabedoria dos bons políticos mineiros, ainda exerce a advogacia, e faz questão de comentar o cenário político no estado e no país. "Ele não concorda com o fim da Geral no Mineirão, prevista nas reformas do estádio para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014, por entender que sua extinção irá limitar ou impedir o acesso dos trabalhadores de menor poder aquisitivo ao "Gigante da Pampulha", " informou JCM.

"A entrevista foi enriquecedora, sob todos os aspectos", comentou Júlio Cesar, que desempenhou uma dupla missão: jornalística e histórica. Graduado em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cataguases, Júlio Cesar escreve desde o ano de 2003 uma Tese sobre CARLOS LUZ, que de acordo com o autor, após concluí-la, irá transformá-la em livro e documentário áudiovisual. "Não perdi a oportunidade de perguntar sobre Carlos Luz ao prefeito Jorge Carone, seu contemporâneo. Ele relembrou sua forte ligação com o saudoso ex-presidente, que foi seu padrinho de casamento, com quem tinha um excelente relacionamento. "Indaguei sobre o golpe ao qual foi submetido Carlos Luz, levando-o a deixar a presidência, tema principal de minha pesquisa que objetiva um desagravo histórico à memória desta incontestável figura pública leopoldinense, mineira e nacional", ilustrou Júlio Cesar, ao que ouviu de Jorge Carone que "Carlos Luz era um homem de bem, uma pessoa honrada, que foi vítima destes movimentos que acontecem na política". "Ninguém melhor do que o prefeito Carone para avaliar uma situação dessa monta, afinal, ele próprio foi derrubado do Poder Executivo municipal, conforme registra a história", avaliou Júlio Cesar ao anunciar que a parte desta entrevista que destaca Carlos Luz integrará a obra que vem desenvolvendo. "O depoimento do Dr. Carone, juntamente com a entrevista feita recentemente com o Dr. Fernando Luz, filho de Carlos Luz, durante uma de suas vindas à Chácara do Desengano, em Leopoldina, iluminará muitos detalhes do período compreendido a partir do suicídio de Getúlio Vargas e a posse de Juscelino", afirmou Júlio Cesar.

"Terminei a entrevista emocionado, pois estava diante de um monumento vivo da história política mineira, que conviveu com Getúlio Vargas, JK, Carlos Luz, Bias Fortes, Clóvis Salgado, Magalhães Pinto, Tancredo Neves, Hélio Garcia, Renato Azeredo, Celso Brant, Benedito Valadares, dentre tantos personagens", revelou Júlio Cesar. "Todos da equipe técnica que participaram da gravação, realizada na residência do ex-prefeito, no bairro Santo Antônio em Belo Horizonte, se divertiram, se emocionaram, e ouviram atentamente as histórias, as opiniões e assim, puderam compreender o grande caráter deste verdadeiro símbolo para todos nós mineiros", acrescentou Júlio Cesar, agradecendo publicamente à família Carone, em especial ao ex-prefeito Jorge Carone Filho por abrir as portas de sua residência e compartilhar conosco esta página da história, cada vez mais viva e mais presente. "Imaginem o legado de Jorge Carone à vida pública mineira. Outro dia, pesquisando discursos na internet, encontrei um pronunciamento de autoria do Dr. Nagib Slaibi Filho, magistrado no Rio de Janeiro, professor da EMERJ e UNIVERSO, datado de 25 de setembro de 2004, às 10:00 horas, em Visconde do Rio Branco, (http://www.nagib.net/discursos_texto.asp?id=10) discorrendo sobre seu pai - Nagib Slaibi - falecido em 1979, onde menciona a relevante frase: "Entre os homens públicos que apontava como exemplo estavam, entre outros, Winston Churchill, Arthur Bernardes, Jorge Carone, pai e filho". Esta é apenas uma pequena, porém, irrefutável manifestação do que representa Jorge Carone para quem o conheceu", concluiu Júlio Cesar.

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