Aumento do número de veículos pode provocar colapso do trânsito da cidade em quatro anos
Pela situação do trânsito no centro da cidade, principalmente nos dias e horários de pico podemos projetar o que teremos pela frente em Leopoldina. Não existem dados oficiais relativos ao crescimento da frota de veículos em Leopoldina, portanto, para ilustrar este artigo gostaria de compartilhar com o atento leitor do leopoldinense on-line algumas informações que poderão servir de parâmetro para o problema, respeitadas as proporções.
“Cerca de 800 veículos novos entram diariamente em circulação na cidade de São Paulo. Para o urbanista Cândido Malta Campos Filho, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a cidade de São Paulo vai parar até 2012: "Temos 4 mil novos veículos por semana, 16 mil ao mês e 192 mil ao ano. Para atender essa demanda de veículos teríamos que construir 8 avenidas Faria Lima a cada ano. Onde está e qual é o dinheiro que temos para fazer isso?", argumenta o especialista”.
No estudo "A Crise da Mobilidade Urbana em São Paulo", de 2001, o engenheiro Roberto Scaringella, atual presidente da CET - Companhia de Engenharia de Tráfego, já alertava para o problema: "Muitos preferem a liberdade de perder tempo e dinheiro no congestionamento a alterar hábitos", escreveu. "Em qualquer sistema viário saturado a retirada efetiva de 20% dos veículos que circulam principalmente nos horários críticos representa um efeito de fluidificação do trânsito. Resta discutir como retirá-los".
Quantos veículos novos ou usados entram em circulação diária, semanal, mensal ou anualmente em Leopoldina? Estes números não existem oficialmente. Para planejarmos ações de enfrentamento do problema, antes de tudo precisamos estabelecer um criterioso levantamento a este respeito. Levando em conta o número de concessionárias de veículos novos e usados em Leopoldina, poderíamos supor que diariamente 2 veículos são vendidos em nossa cidade? Partindo desta hipótese teremos 7 veículos vendidos por semana; 28 veículos por mês; 336 veículos por ano. Em quatro anos 1.344 veículos estarão nas ruas de Leopoldina. E aí? O que acontecerá? Dirá o leitor(a) que esta conta é exagerada. Tudo bem. Concordarei com esta avaliação. Reduzamos em 50% estes números e teremos o alarmante número de 672 veículos a mais em quatro anos no trânsito local. Repetirei a pergunta: E aí? Como sair desse ‘caos’ anunciado?
Não temos a pretensão (pelo menos por enquanto) de sermos uma cidade do porte de São Paulo, mas é plausível encararmos a problemática do trânsito que já começa a comprometer o dia-a-dia urbano. Não se trata de um problema exclusivo de Leopoldina, mas temos o dever de avaliar a questão com seriedade, vontade política e atitude.
Temos a consciência da redução populacional de Leopoldina nos últimos dez anos. Estamos ‘ensaiando’ a retomada do crescimento. Se crescermos, haverá o aumento da população e estes números projetados poderão ser ampliados. É claro. Para crescer, um município tem que oferecer perspectivas econômicas, e ao melhorar seu orçamento o cidadão(ã) quer realizar seus sonhos de consumo, e eu me arrisco a dizer que o carro está no topo da lista de compras. Pode até perder para a casa própria, mas a maioria das pessoas sonha com o carro próprio. E isso não é pecado, faz parte da sociedade de consumo.
Constatações do trânsito em Leopoldina:
· Número crescente de carros.
· Falta de espaço nas ruas e avenidas para circulação dos veículos.
· Não temos a cultura de andar de ônibus, a não ser por necessidade; quem tem carro, na maioria, não anda de ônibus urbano.
· O aumento do número de veículos aponta para o aumento do poder aquisitivo da população, porém, representa um fator perigosíssimo para uma cidade que já não tem espaço suficiente para a circulação dos veículos existentes (notadamente no centro comercial da cidade).
Assim como os paulistanos, o leopoldinense não tem o hábito de usar a bicicleta ou caminhar para o trabalho, a escola, as compras; e no transporte público, o tempo de espera inviabiliza sua utilização.
Com a abordagem do problema, que é recorrente, abre-se o debate com a população, sempre a primeira e maior prejudicada.
A cobrança por estacionamento seria uma boa medida? Vale lembrar que esta receita poderia ser revertida para a manutenção do trânsito (placas, semáforos, campanhas educativas, etc.). Pode parecer utópico o que penso, mas já é preciso planejar uma nova cidade, uma nova Leopoldina. Existirá o atual centro comercial, mas precisamos induzir o desenvolvimento urbano para outras regiões, levando a presença dos poderes públicos para os bairros e outras regiões do município, estimulando a abertura do comércio, indústria e serviços em outras áreas.
A reestruturação do sistema viário no município se faz necessária, mas o planejamento para obtenção de efeitos a médio e longo prazo é indispensável. A criação de uma “Câmara de Gestão” seria uma boa idéia. Integrariam este esforço: representantes de órgãos municipais, técnicos do setor, autoridades de trânsito (Polícias Civil, Militar e Rodoviária), etc.
A realização de um ou dois Fóruns Técnicos sobre a situação seria uma excelente iniciativa, franqueando a participação popular. Aspectos ambientais também precisam ser considerados, afinal, a poluição atmosférica será aumentada com o aumento da frota, obrigando a uma constante fiscalização por parte dos órgãos ambientais.
Fica o alerta, e nossa determinação de continuarmos nossa luta em defesa dos interesses maiores de nosso município. Integro a administração do prefeito Bené Guedes, e sinceramente, acredito que ele já tenha conhecimento do problema, ao qual adiciono mais informações, ao mesmo tempo em que me coloco ao seu lado para apoiar-lhe nas medidas a serem implementadas. No futuro, mesmo após sair do governo, continuarei trabalhando por Leopoldina, pelos leopoldinenses e pelos mineiros – brasileiros que não fugirão jamais de sua missão cívica.
(*) Radialista leopoldinense. Professor e Historiador graduado pela FIC/FAFIC de Cataguases. Secretário Municipal de Meio Ambiente de Leopoldina - MG. Aspirante a uma vaga na disputa por um mandato de Deputado Federal.
Leia outros textos na coluna do Júlio no Leopoldinense Online.
2 Comentários:
Parabéns pela análise deste polêmico tema. Fico estarrecido porque nossas autoridades até hoje não providenciaram uma metodologia para deter todos os dados sobre o trânsito (inclusive o número atual de veículos, número de veículos que entram semanalmente em circulação, número de veículos de outras cidades que por aqui circulam, etc.
Roberto - Fábrica
Imagine se a população de Lelê fosse de 70 mil pessoas como CAtaguases, ou mais de 100 mil como é em muriaé... /como estaria nosso transito
valter marques - Leopoldinaa
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