6 de setembro de 2011

Faleceu nesta segunda-feira (05-09) o radialista, professor e cirurgião dentista José Américo Barcellos.

Zé Américo foi meu professor de Ciências no Ginásio Leopoldinense, na década de 1970.

Sua trajetória foi marcante no Rádio Esportivo e Jornalístico da região, destacando-se na Rádio Cataguases, na década de 1980, ao comandar o programa "Esportes com Zé Américo", o "vagão espacial", como foi apelidado o programa.

Em Leopoldina, atuou nas rádios Jornal AM e 104 FM, conduzindo programas de entrevistas que lideraram a audiência, além de dirigir a emissora durante vários anos.

Na Jornal AM, nos anos 1990, tive a honra de ser convidado por ele e iniciar ao seu lado o programa "Flagrantes", levado ao ar às 7 horas da manhã, de segunda à sexta. Neste programa os entrevistados eram "flagrados" pelo telefone. Muitas das vezes os entrevistados eram "acordados" para participar.

Mais tarde veio o programa "Fio da Navalha", aos sábados. Entrevistas, debates, conduzidos pelo estilo irreverente e inconfundível do velho Zé.

Zé Américo brincava consigo, e se auto avaliava como quem não deixava o entrevistado falar, pois gostava de interrompê-lo. Era muito autêntico.

Como cronista esportivo foi repórter de campo, comentarista, e atuou ao lado dos maiores nomes do esporte pelo rádio na região, como Décio Corrêa, Celso Mota, Paulo Franzoni, Horácio Dourado, Jorge Antônio, Jairo Fernandes, Ângelo Gabriel, Manoel Valadares, dentre outros, como Gleno Rocha, de Juiz de Fora, que está atualmente em Belo Horizonte.

Passaram-se os anos. Zé Américo estava fora do Rádio. Quando recebi o convite para voltar aos microfones da Rádio Jornal, surgiu através do João Bosco (Bosquinho) Barbosa Cerqueira a idéia de convidar o Zé Américo para participar do programa, por várias razões: talento, reconhecimento, gratidão, homenagem, etc., enfim, pelo conjunto de sua obra. A idéia foi levada ao outro sócio diretor da emissora, José Geraldo Gué, que imediatamente concordou com o convite.

Dia 23 de maio deste ano iniciamos o novo projeto: Show da Tarde, e dentro dele o quadro "'10 minutos com Zé Américo". Falavamos sobre tudo. Numa bela manhã o Zé Américo me chamou: "Julinho, vamos falar do centenário do Ribeiro Junqueira, porque senão esta data vai passar no esquecimento". E assim começamos a entrevistar ex-jogadores, ex-treinadores - como o professor Getúlio Subirá - dirigentes, e relembrar histórias que o Zé Américo narrava como ninguém.

Semana passada, notei que a voz do velho Zé estava mais fraca. Perguntei se estava tudo bem e ele me assegurou que sim.

Quinta-feira passada ele não participou do programa. Estranhei, mas como a linha telefônica para a qual ele ligava vive congestionada pela participação dos ouvintes, pensei que fosse este o motivo. Na sexta, ele também não participou, e fiquei preocupado.

Sábado, pela manhã, fui informado de que o Zé Américo havia sido internado no CTI da Casa de Caridade Leopoldinense. Viajei para Vista Alegre, de onde apresentei o programa Rádio Jornal nos distritos, e ao retornar no fim do dia, fui à CCL me informar sobre seu estado de saúde. A informação do boletim médico dizia que seu estado era grave. À noite, em contato com familiares do Zé, fui informado de que seus rins pararam de funcionar. Domingo pela manhã, seu filho Élder Bella Barcellos gentilmente me atendeu por telefone, e compartilhou comigo as apreensões da família. Estavamos todos, unidos na corrente de orações para que o nosso Zé Américo suportasse aquela situação.

Nesta segunda, no final do manhã, fui informado de que seu quadro havia se agravado ainda mais. Às 14h13min o Zé Américo gritou "SHAZAN", expressão que muito bem humoradamente ele gostava de utilizar quando se referia a alguém que morrera.

Para os mais jovens, eu explico: "SHAZAN" era o grito que transformava o personagem da TV e dos quadrinhos em super herói, e foi com esta alegoria que o Zé Américo zombava da morte.

Zé Américo deixa uma lacuna na história do rádio leopoldinense e regional. Deixa um vazio entre seus familiares e amigos. Um vazio que não conseguiremos preencher, mas tentaremos cultivar através de suas memórias, seus casos, suas brincadeiras, suas experiências de vida.

Vá com Deus, Zé Américo. Reencontre-se com sua amada Wanda. Obrigado por tudo!

Descanse em paz.



postado por Júlio Cesar Martins às
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Júlio Cesar Martins Gonçalves é natural de Leopoldina / MG. Radialista, Jornalista, Mestre de Cerimônias, Professor e Historiador graduado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cataguases / MG. Atuou nas principais emissoras de Rádio da Zona da Mata e nas Rádios Mundial AM e Globo FM do Rio de Janeiro (1982), ambas do Sistema Globo de Rádio. Foi locutor comercial e de cabine da TV Globo Juiz de Fora (1989). Apresentador de grandes eventos em Leopoldina e região nos últimos trinta anos. Exerceu o cargo de Chefe da Seção de Imprensa da Prefeitura de Leopoldina no primeiro mandato do Prefeito José Roberto de Oliveira. Ex-assessor na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, ao lado dos deputados estaduais Bené Guedes e Bráulio Braz. Ex-assessor da Câmara Municipal de Leopoldina, na gestão do Presidente Ricardo Ávila. Após a criação da Secretaria de Meio Ambiente pelo Prefeito Bené Guedes foi nomeado Secretário de Meio Ambiente de Leopoldina (2009) alcançando grandes conquistas e avanços para o município. Ex-Presidente da Conselho Municipal de Meio Ambiente. Ex-Presidente da Lira Musical Primeiro de Maio. Membro do Rotary Club Leopoldina. Presidente do PMN - Partido da Mobilização Nacional - Leopoldina. Candidatou-se a deputado federal nas últimas eleições de 2010, apoiando incondicionalmente o Governador Antônio Anastasia, reeleito, além dos candidatos Aécio Neves e Itamar Franco, ao Senado, ambos vitoriosos. Obteve 6.135 votos em Leopoldina (22,19 do eleitorado), de um total de 7.092 votos obtidos em 91 municípios mineiros. Incluiu Leopoldina entre as três maiores votações percentuais do PMN em Minas Gerais. É o 5º Suplente da legenda para a Câmara dos Deputados. Em Novembro de 2010, após as eleições, retomou suas atividades profissionais na Imprensa, fundando o Jornal Inconfidência - publicação quinzenal, em cores e preto e branco, cobrindo Leopoldina e região. Clique aqui para me enviar um e-mail, ou escreva para: juliodaradio@gmail.com.


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